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Foto do escritorSuelen Weiss

39 - Internação Hospitalar - Transição e Coragem

Dúvidas - 276 dias


Nos últimos dias venho pensado em várias coisas. O que quer dizer força? O que quer dizer coragem? Qual é a velocidade do tempo? Tem dias, e não são poucos, que tudo que passa em minha mente são perguntas, dúvidas infinitas.

No passado não tão distante já tive certeza do tratamento conservador que fizemos. Hoje nem sei dizer mais, porque tenho muito medo de ter certeza e estar no caminho errado.


Hoje, que troveja forte lá fora e estou em casa sozinha somente assistindo a tempestade enquanto Cristiano cuida do Theo, nada parece fazer sentido. Nada que não seja dúvida parece fazer sentido.



Força? Coragem? Já ouvimos muitas vezes pessoas nos dizerem que somos fortes ou que somos corajosos, nem eu nem o Cristiano conseguimos acreditar de verdade nisso.


Se força e coragem são os atributos de quem enfrenta os desafios, devo dizer que enfrentar os desafios e acatar os procedimentos não tem sido uma opção, mas sim a única maneira de garantir a sobrevivência do nosso filho.


Por isso não consigo me considerar nem forte nem corajosa. Assistir procedimentos dolorosos enquanto o bebê chora dá antes uma imensa sensação de inutilidade e de impotência. Forçar fisioterapia quando o Theo só quer dormir não se parece com força ou determinação, e sim com um toque de crueldade. Ele só quer ser um bebê. Nós só queremos que ele seja um bebê vivo.


E o tempo? Não falo sobre as definições de tempo que vem da física, falo sobre a percepção humana. Acho que ele se confunde com memória no fim das contas, na longa sequência de fatos e acontecimentos que vamos enumerando em nossas cabeças. Talvez pelo turbilhão de coisas que aconteceram nos últimos 45 dias eu sinta que passou muito, muito mais tempo que isso. Por outro lado, a contagem regressiva do tempo é opressora demais para mim.



É a contagem de quanto tempo falta para entrar na lista de transplante, é a contagem de quanto tempo falta para receber alta do hospital… Neste ponto, creio que dúvida que mais me aflige no momento é saber quanto tempo falta para que tenhamos a nossa vida normal de volta. Será que ela volta?


Tem dias assim nos quais a saúde mental fraqueja. Lá fora chove, aqui dentro me molho de lágrimas. Eu temo tudo, eu duvido de tudo.


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