A rotina com bebê recém-nascido é corrida, mas, vindo do contexto de onde viemos, tudo de trivial pareceu muito simples. Fraldas, choro, mamadas fluíram de forma suave.
A medicação
Já a rotina médica dos primeiros meses foi intensa. Consultas com nefrologista, que fez o controle mais completo e conseguiu o encaixe com a pediatra. Consulta com a pediatra geral para medir, pesar. Uma sequência grande de acompanhamento na nefrologista e cardiologista para ajusta a medicação para segurar a pressão. Começou só com a Anlodipina, depois Propanolol, depois enalapril, reajusta dose aqui e ali.
Até aí suave, mas entrou o sódio. O sódio é sal, ele não estava nada preparado pra isso. Na primeira dose de sódio que dei ele estranhou muito o sabor, então me preparei para dar o peito e acalentar. Só que quando chegou no estômago ele começou com a reação de vômito, engasgou e travou completamente: olhos muito esbugalhados, espuma saindo pela boca e pelo nariz, sem respirar, corpo todo rígido. Eu sabia o que fazer, vi mil manuais e tutoriais de como fazer a manobra, mas é assustador na prática. Corri com o bebê pro banheiro, gritei pra acordar meu marido no caminho e desengasguei o Theo. Ele respirou, aí eu respirei. Ele chorou, eu não chorei porque ainda estava muito chocada pra isso e tinha que resolver 100% a crise. Daí em diante nada mais de sódio puro, só diluído em muito leite na mamadeira.
Até ai suave, novamente, mas entrou o Eprex (Alphaepoetina). Uma injeção ardida de Alfaepoetina para tratar a anemia causada pela insuficiência renal. Até 1 ano a criança não pode ficar anêmica de jeito nenhum, pois prejudica o seu desenvolvimento cerebral. O remédio é caríssimo. Quando o Cris chegou em casa com a informação inicial do valor de uma caixa revi mentalmente nossas finanças e concluí que todo o nosso padrão de vida mudaria em torno desse remédio. A médica já indicou que poderíamos entrar com um processo para conseguir o medicamento pelo SUS, mas o início do tratamento deveria ser imediato. Muitas ligações para conseguir comprar uma caixa, que chegou refrigerada de mil maneiras. Começamos a dar as aplicações no Posto de Saúde, mas o trabalho de sair tantas vezes com um bebê de carro - põe no bebê conforto, tira do bebê conforto - para uma sala de espera só para tomar uma injeção não vale a pena. Também não é nada seguro levar o bebê doente para o local onde todas as pessoas com virose no bairro vão.
Contratamos uma enfermeira que nos ensinou a dar as injeções em casa mesmo, no nosso tempo, nosso jeito, nosso ambiente. Não fazia a injeção ficar menos dolorida, foi muito esforço para garantir o desenvolvimento cerebral do Theo.
Pesquisamos sobre o sono do bebê
A dificuldade de me afastar do bebê. Se eu tiver pouco tempo de vida com ele, posso estar perdendo esse momento precioso em que ele está vivo. Ao mesmo tempo preciso de descanso e preciso redescobrir quem sou eu agora.
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